Importância do sono no tratamento odontológico para dor crônica
Odontologia do Sono, área que faz parte das ações de profissionais especializados, é um segmento que atua no diagnóstico e tratamento dos distúrbios do sono e, indiretamente, envolve também dor orofacial e disfunção temporomandibular
Bruxismo, ronco e apneia obstrutiva do sono são algumas condições de saúde que podem afetar o sono. A Odontologia do Sono pode atuar no diagnóstico, prevenção e tratamento desses distúrbios, que podem causar ou agravar a dor crônica. Dores de cabeça, de ouvido ou atrás dos olhos, zumbidos no ouvido, dificuldade para mastigar, tonturas ou vertigens, barulho ao abrir e fechar a boca e desgaste dental excessivo. E o caminho para o tratamento dessas condições passa também pelo sono. Gabriela Vedolin, Mestre em Reabilitação Oral FOB/USP e Doutora em Prótese Dentária PUC/RS, explica que casos de dor orofacial e Disfunção Temporomandibular (DTM) envolvem o estudo do sono, colocando enfoque no tratamento dos distúrbios do sono relativos à odontologia.
“Eu comecei a estudar o sono e a relação com a odontologia, que era um assunto relativamente novo no Brasil nos anos 2000. Já tinha feito Mestrado na USP, em Bauru (que tem escola de referência em odontologia), e queria seguir o doutorado lá, mas eles, em Bauru, não tinham essa linha de pesquisa. Então, eu fiz um curso sobre o tema que existia também em São Paulo, capital mesmo, pra entrar um pouquinho nessa parte de odontologia do sono”, destaca Gabriela, que também é Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial FOB/USP; e hoje certificada em Odontologia do Sono pela Associação Brasileira do Sono (ABS). Para avançar nessa área Gabriela buscou conhecimento sobre a fisiologia do sono, diagnósticos dos distúrbios do sono e passou a atuar de forma multidisciplinar no tratamento dessas condições. E motivos para toda essa atenção existem.
A Associação Mundial de Medicina do Sono reforça que os distúrbios do sono afetam 45% da população, situação que pode ser considerada uma epidemia global. Um estudo da Universidade de São Paulo aponta que, 33% da população sofrem com a apneia obstrutiva do sono, 42% roncam, 45% queixam-se de insônia ou dificuldade para dormir, enquanto que 10% rangem os dentes 3 ou mais noites por semana. “Eu vi na odontologia do sono uma possibilidade, que não era muito desenvolvida, muito falada ainda na época, de oferecer um tratamento melhor para paciente. Tratar o sono e ter impacto na dor”, explica Gabriela.
Além dos estudos e atualizações constantes, a tecnologia é uma das aliadas que garante o sucesso desse tratamento. O scanner intraoral promove conforto e extrema precisão ao capturar imagens 3D diretamente da boca do paciente. Em um fluxo totalmente digital utilizando uma impressora 3D alemã são produzidas placas impressas para proteger do bruxismo, ronco e apneia do sono. Gabriela esclarece que a Odontologia do Sono ainda não é uma especialidade, mas assim como em outras áreas, é necessário que o cirurgião-dentista seja capacitado e tenha conhecimento sobre a fisiologia do sono, diagnósticos dos distúrbios do sono e atue de forma multidisciplinar no tratamento dessas condições. “É uma área promissora. É fundamental para proporcionar algo essencial: qualidade de vida ao dormir bem e sem dor”, completa.
Multidisciplinar – Gabriela Vedolin é Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial pela FOB – Faculdade de Odontologia de Bauru, da Universidade de São Paulo (FOB/USP), Mestre em Reabilitação Oral FOB/USP e Doutora em Prótese Dentária PUC/RS. É certificada em Odontologia do Sono pela Associação Brasileira do Sonos (ABS) e coordenadora Curso de Atualização em DTM e Distúrbios do Sono da Escola de Pós Graduação de Odontologia em Porto Alegre, Rio Grande do Sul (AGOR), que tem como objetivo introduzir aos dentistas assuntos referentes a Odontologia do Sono e sua relação com as dores orofaciais e disfunções temporomandibulares. Também trabalha de forma multidisciplinar com outros profissionais médicos, fisioterapeutas e fonoaudiólogos.