Do Rio Grande do Sul para Portugal: empreendedor gaúcho se lança no mercado europeu

Jovem com formação na área do Direito, Guilherme Paz, iniciou sua carreira profissional seguindo os passos da família até chegar o momento de viver financeiramente de um sonho ocasionado por um presente para um de seus filhos. Um dos pequenos pediu uma prancha de surfe e Paz lembrou do amigo Ciro Buarque que fabricava itens para a prática do esporte. A bagagem que o pedido proporcionou pode ser medida com a chegada a marca em Portugal, onde está operando a Oric Europa.

Voltando à capital gaúcha onde tudo começou, após a entrega da primeira prancha para o filho, Guilherme percebeu que praticantes que não são profissionais, mas que gostam e se dedicam ao esporte, seria um atrativo mercado. Assim, em sociedade com o amigo shapper Ciro, deu os primeiros passos para profissionalizar a produção da empresa. Inicialmente, numa fábrica pequena localizada na zona norte de Porto Alegre até chegar nas masmorras de um Castelo em uma das paisagens mais belas da zona sul da capital gaúcha. 

Foi neste local que a Oric Surfboards fez eventos, fabricou pranchas e recebeu seus atletas. O negócio que começou de forma acanhada numa garagem há dois anos projetava um crescimento considerável no Brasil, mas a expansão acabou sendo ainda maior. A Oric Surfboards uniu sua expertise na produção de artigos para a prática do surfe com a marca Primvs Surfboards e passa a operar em Almada, no Distrito de Setúbal, em Portugal. De acordo com Guilherme Paz, CEO da Oric Surfboards, fatores como a matéria-prima e a mão-de-obra foram relevantes na escolha pelo país. “Além disso, Portugal tem ondas o ano todo e temperatura agradável para a prática do surfe”.

Agora, além de Guilherme Paz, a empresa brasileira tem Thiago Telles e o português Bruno Birra como sócios e adotou o nome de Oric Europe que passa a ser produzida pela The Factory, que já existia e passa a contar com os brasileiros. Uma fusão entre a Oric e a Primvs Surfboards, marca de propriedade de Birra, faz com que a empresa gaúcha dê seus primeiros passos na Europa. A The Factory deve fechar 2019 com a marca de 1500 pranchas fabricadas e a meta é chegar em duas mil no próximo ano.

Em Portugal, a Oric já apresenta um bom crescimento. Com pouco mais de dois meses de operação, já vende uma média de 20 pranchas por mês. De acordo com Telles, a ideia é chegar na marca de 240 pranchas comercializadas até o final do ano. “A The Factory produz para 12 marcas de vários países, como Alemanha e Espanha. A fusão da Oric com a The Factory nos tornou uma marca local, o que nos proporcionou uma abertura de mercado para toda a Europa”. 

Para Guilherme Paz, a ida para Portugal é uma estratégia ousada e mostra o quanto a Oric cresceu nos últimos anos. “Ingressar no mercado em qualquer lugar é difícil, imagina do outro lado do mundo. A marca Oric entrou na negociação e nos possibilitou disputar um espaço juntos das grandes. Ao longo dos últimos anos investimos cerca de R$ 6 milhões até conseguir esse feito de desembarcar em terras luzitanas”.

Com um parque industrial de 300 m², desde 2010, a The Factory conta com uma fábrica de laminação de pranchas de surfe, kite e SUP. No local, é possível produzir qualquer equipamento que esteja disponível no mercado do surfe. Além da Oric, atualmente, a The Factory Portugal tem em seu portfólio mais de 14 marcas de todo o mundo. Para outubro, está prevista a inauguração da nova fábrica da empresa, com alguns dos equipamentos mais modernos do mundo. 

 

Operação no Brasil segue 

 

Os apaixonados pelos produtos da marca podem ficar tranquilos que a Oric manterá suas pranchas no Brasil através de uma fábrica no Paraná. “Essa escolha também foi bem criteriosa. Busquei a Pró-Ilha Surfboards, em Santa Catarina, uma das maiores fábricas do mundo, para seguir fazendo as nossas pranchas. Da mesma forma, algumas lojas selecionadas vão comercializar Oric em Fernando de Noronha, em Saquarema e em Floripa, ou seja, nos principais picos onde o surfe é praticado no Brasil”, ressalta.

A marca seguirá apoiando no Brasil os atletas Paulo Zulu e Nego Noronha e outros. “Da mesma forma que já estamos nos aproximando de surfistas europeus. Nomes como o venezuelano Justin Mujica, o brasileiro Sidney Guimarães e a portuguesa Beatriz Carvalho já estão usando nossas pranchas”.