Aplicação da Biomimética na Arquitetura em pauta no evento da AAI Brasil/RS

A Biomimética, ciência que traduz a tecnologia da natureza e como ela pode ser aplicada na Arquitetura foi o tema do evento promovido pela AAI Digital, revista eletrônica da Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil (AAI Brasil/RS) na manhã desta terça-feira (29), na Manjabosco Decor, em Porto Alegre, sob patrocínio do CAU/RS. Na oportunidade, o arquiteto e urbanista Sérgio Coelho, titular do escritório paulista GCP Arquitetura & Urbanismo, conduziu o bate papo.

 

O profissional iniciou sua fala ressaltando que a Biomimética é uma ciência que pode ser aplicada a muitas outras áreas além da Arquitetura. “Por isso gosto de pensar na Biomimética não como uma categoria na Arquitetura, mas sim nas duas áreas andando juntas”, explicou. Segundo Coelho, uma das formas mais comuns de aplicação é o aproveitamento  no design de produtos.

 

Mas afinal, como a Biomimética pode ser aplicada na Arquitetura? De acordo com o palestrante, o primeiro passo é contar com um biólogo na equipe. “Este profissional poderá ajudar a identificar quais elementos da natureza podem ser trazidos para solucionar os desafios dos projetos”, afirmou. Coelho destacou que este processo deve ser feito antes mesmo do início da concepção do projeto.

 

Aplicação da Biomimética na prática

 

Um dos exemplos trazidos pelo convidado foi o projeto do Votu Hotel, desenvolvido pela GCP Arquitetura & Urbanismo. Localizado na Praia dos Algodões, na Bahia,

região que apresenta altas temperaturas, umidade, ventos e salinidade. A equipe buscou as soluções de conforto térmico e eficiência energética aplicando a biomimética. Para as suítes individuais, foi utilizada como inspiração a forma de morar do cão-da-pradaria, roedor da família dos esquilos, que constrói as suas tocas enterradas no solo, com entradas e saídas de ar, tendo assim ventilação natural e constante.  Só assim sobrevive. As coberturas acompanham a direção natural dos ventos e a implantação de cada suíte no terreno prevê a mesma capacidade de ventilação permanente com um sistema interno tecnológico e sofisticado.

Já para o fechamento das “cabanas” (suítes) e demais edificações, a referência foi a capacidade de auto-sombreamento de alguns cactos. Ranhuras sombreiam umas às outras, permitindo maior conforto térmico.

 

No prédio principal, a cobertura do volume fechado da cozinha foi planejada como uma laje-jardim, atuando como um grande trocador de calor sob a inspiração

do sistema de troca de ar dos bicos dos tucanos.

 

“É importante pensar no que a natureza pode trazer para que possamos resolver nossos desafios nos projetos. E não é só na nossa área, mas em muitas outras. A tendência é que a utilização da biomimética aumente cada vez mais em muitas áreas. Tenho certeza de que é a ciência do futuro”, finalizou.