As notícias e a vida nas bancas de revistas
Ernesto Pereira da Silva, presidente do Sindicato dos Vendedores de Jornais e Revistas do Rio Grande do Sul
Gritar as principais manchetes do dia e vender jornais de forma avulsa nas ruas. Jornais oferecidos de mão em mão. Era assim, há mais ou menos 150 anos, que as notícias circulavam em espaços centrais da cidade. Foi assim que surgiu também a figura do jornaleiro. No dia 30 de setembro é comemorado o Dia do Jornaleiro. Data para celebrar um trabalho fundamental e que foi sendo transformado ao longo do tempo. Entre as curiosidades está a origem da expressão ‘banca’. Conforme a história, um dos primeiros pontos fixos de venda de jornais na rua foi estruturado por Carmine Labanca, no Rio de Janeiro.
E a ‘banca’ virou espaço de referência, no que atualmente se configura em mobiliário urbano. Em Porto Alegre, a primeira Lei própria voltada para regulamentar as bancas de revistas, no 3.397, foi aprovada em 8 de julho de 1970, pelo então prefeito Telmo Flores. Antes disso, a categoria já estava organizada em uma associação em 1965, que foi transformada em Sindicato em 1969 e reconhecida pelo Ministério do Trabalho em 1971.
Com o avanço da tecnologia, o trabalho do jornaleiro também passou por transformações. No ano de 2019, a Lei do Mobiliário Urbano, no 12.518, possibilitou maior liberdade comercial nos espaços. A banca, que já era um local de referência dos cidadãos, avançou para um local de conveniência e de serviços, unindo revistas, jornais, HQs, livros, refrigerantes, sucos, cafés, álbum figurinhas, artesanato, entre outros. E mais: espaço de publicidade responsável que remunera o operador da banca. E, claro, boas conversas. Afinal, quem nunca parou para um bate-papo sobre tudo em uma banca a caminho de casa. E esse encontro para falar da vida e das notícias do dia não vai ser extinto.
As críticas de que não existem mais jornaleiros nas bancas esquecem que estes profissionais se adequaram aos novos tempos e não há nada de errado nisso. Ao contrário, os jornaleiros se mantêm ainda mais funcionais na sociedade, pois oferecem muitos além dos impressos. São o lugar onde compramos pilhas, uma água gelada mais barata, um presente de última hora e até mesmo trocamos colecionáveis com filhos e netos. Fora que as bancas são o sustento de milhares de famílias honestas.